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Demência Frontotemporal (DFT): O que É e Como Ela se Diferencia do Alzheimer?

A chave do carro que some. Um nome que escapa da ponta da língua. Pequenos lapsos que, com o tempo, podem se tornar uma sombra de preocupação para muitas famílias. Quase instintivamente, associamos esses sinais de esquecimento à Doença de Alzheimer, a forma mais conhecida de demência. Mas e se a primeira mudança não for no que a pessoa lembra, mas em quem ela é? E se a personalidade de um ente querido começar a se transformar de maneira desconcertante, muito antes que a memória seja significativamente afetada?

Esses cenários apontam para uma condição neurológica menos conhecida, mas igualmente impactante: a Demência Frontotemporal (DFT).

Este blog tem o compromisso de levar informação de qualidade para a comunidade de Manaus. Compreender que “demência” é um termo guarda-chuva para diversas condições é o primeiro passo para um diagnóstico preciso e, mais importante, para um cuidado humano e eficaz. Hoje, vamos mergulhar fundo na DFT, explicando suas particularidades e, principalmente, como ela se distingue da Doença de Alzheimer.

O que é a Demência Frontotemporal (DFT)?

A Demência Frontotemporal não é uma única doença, mas sim um grupo de distúrbios cerebrais raros que ocorrem devido à progressiva degeneração dos lobos frontal e temporal do cérebro. Para entender a DFT, precisamos primeiro apreciar o papel vital que essas áreas desempenham em nossa identidade.

O Lobo Frontal: O “CEO” do Cérebro

O lobo frontal funciona como o centro de controle executivo da nossa personalidade. Ele regula nosso comportamento, gerencia o raciocínio complexo, o planejamento, a tomada de decisões e o “filtro social”. Portanto, é o que nos permite entender normas sociais, controlar impulsos e sentir empatia pelos outros. Quando esta área é danificada, o próprio núcleo da personalidade de uma pessoa pode começar a se desintegrar.

O Lobo Temporal: Nosso “Centro de Linguagem e Emoção”

Localizado nas laterais do cérebro, o lobo temporal é crucial para processar o que ouvimos, compreender a linguagem e formar novas memórias. Ele também desempenha um papel fundamental em associar emoções a eventos e pessoas. Como resultado, uma falha nesta região pode levar a dificuldades profundas na comunicação, não apenas para falar, mas também para entender o significado das palavras.

A DFT geralmente se manifesta em uma idade mais jovem do que o Alzheimer, frequentemente entre os 40 e 65 anos. Ou seja, em uma fase em que a pessoa ainda pode estar no auge da carreira e da vida familiar, tornando o diagnóstico ainda mais devastador.

As Principais Formas da DFT

Devido às áreas que afeta, a DFT costuma se apresentar de duas formas:

  • Variante Comportamental (DFTvc): A mais comum. Relacionada à degeneração do lobo frontal, manifesta-se por mudanças profundas e muitas vezes chocantes no comportamento e na personalidade.

  • Afasia Progressiva Primária (APP): Ataca o lobo temporal e resulta em um declínio progressivo da linguagem. A pessoa luta para falar, encontrar palavras ou compreender frases.Como Diferenciar: DFT x Alzheimer

Como Diferenciar: DFT x Alzheimer

A confusão entre DFT e Alzheimer é compreensível, entretanto seus pontos de partida são muito diferentes. Enquanto o Alzheimer atinge primeiro a memória, a DFT ataca o comportamento e a linguagem.

Os Sinais de Alerta da Demência Frontotemporal

  • Alterações profundas de personalidade: apatia extrema ou desinibição acentuada.

  • Perda de empatia e julgamento: decisões imprudentes e frieza emocional.

  • Declínio da linguagem: dificuldade em articular, compreender ou manter a fala.

  • Comportamentos compulsivos e repetitivos: rotinas rígidas, ecolalia ou acumulação de objetos.

Os Sinais Clássicos do Alzheimer

  • Perda de memória recente: esquecimentos de conversas e compromissos.

  • Dificuldade com planejamento e resolução de problemas.

  • Desorientação espacial e temporal: confundir datas e locais familiares.

  • Mudanças de humor secundárias: ansiedade, irritabilidade e retraimento.

Tabela Comparativa: DFT vs Alzheimer

CaracterísticaDemência Frontotemporal (DFT)Doença de Alzheimer
Idade de InícioMais cedo (40-65 anos)Mais tarde (65+)
Sintoma PrincipalPersonalidade e/ou linguagemMemória recente
Memória InicialRelativamente preservadaPrimeira área afetada
ComportamentoCausa primária dos sintomasReação à perda de memória
LinguagemPode ser o sintoma inicialAlterada nas fases tardias
Habilidades MotorasPodem ser afetadas cedoPreservadas até fases avançadas

Estratégias de Cuidado e Acolhimento

Receber um diagnóstico de demência é avassalador. Quando se trata de DFT, a jornada pode ser ainda mais solitária, já que os comportamentos são frequentemente mal interpretados.

Seja um Detetive Cuidadoso

Antes de procurar um médico, mantenha um diário detalhado com exemplos específicos de comportamento e linguagem. Isso auxilia muito no diagnóstico.

Procure a Equipe Certa

O diagnóstico de DFT é complexo e exige abordagem multidisciplinar: neurologista, neuropsicólogo, psiquiatra, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais.

Adapte a Comunicação

Use frases curtas, ofereça escolhas simples e utilize gestos. Além disso, evite corrigir constantemente a fala, pois o mais importante é manter a conexão.

Crie um Ambiente Seguro e Estruturado

  • Garanta segurança no lar, evitando riscos de quedas.

  • Mantenha uma rotina previsível para reduzir a ansiedade.

  • Aposte em estímulos simples e ambientes calmos.

Cuide de Quem Cuida

O luto ambíguo — ver a pessoa fisicamente presente, mas diferente em essência — é emocionalmente devastador. Portanto:

  • Peça ajuda de familiares e profissionais.

  • Procure grupos de apoio.

  • Preserve hobbies, amizades e saúde.

Um Caminho de Dignidade e Acolhimento

Entender as diferenças entre a DFT e o Alzheimer é fundamental para oferecer o cuidado adequado. Mais importante ainda, é lembrar que, por trás do diagnóstico, existe uma pessoa com sua história e dignidade.

A jornada pode ser difícil. Contudo, com a orientação certa, ela se torna mais clara. Se você se identificou com os sinais descritos ou busca respostas, saiba que não está sozinho.

A equipe de neurologia do Hospital Santa Júlia está pronta para ouvir sua história, realizar uma avaliação detalhada e guiar sua família em cada etapa dessa jornada.

Agende sua consulta e dê o primeiro passo rumo ao acolhimento que vocês merecem.